Khaled al-Raheb
*artigo publicado em 18 de setembro de 2025 em inglês. Disponível em: https://en.al-akhbar.com/news/the-resistance-and-arab-national-security
O escritor egípcio Mohamed Hassanein Heikal disse certa vez: “A maior falha na ordem árabe é sua incapacidade de formular uma visão comum de segurança nacional. Cada Estado se defende sozinho, enquanto o inimigo planeja e age contra todos ao mesmo tempo.” Essa verdade ficou evidente quando a entidade israelense lançou seu ataque traiçoeiro a Doha, confirmando a máxima de Gamal Abdel Nasser: “A Palestina é a causa da segurança nacional árabe, e quem pensa que isso diz respeito apenas aos palestinos está fatalmente enganado.”
O ataque confirmou que Israel considera a região árabe como sua inimiga, independentemente dos tratados ou acordos com os governos árabes. A qualquer momento, está preparado para tratar qualquer capital, cidade ou aldeia árabe como alvo e cometer crimes semelhantes aos que estão ocorrendo em Gaza e na Cisjordânia.
Repetidas declarações do trio criminoso sionista (Netanyahu, Smotrich e Ben Gvir) sobre sua intenção de avançar com o projeto da “Grande Israel” servem como um aviso final aos regimes árabes. O que muitos descartaram como retórica vazia há muito tempo vem sendo planejado em Washington e no Knesset.
Após 7 de outubro de 2023, o conflito árabe-israelense entrou em uma nova fase. O confronto alterou o equilíbrio e abriu as portas para resultados importantes, vitória ou derrota. As forças de resistência na Palestina, no Líbano e no Iêmen se tornaram a pedra angular dessa luta. Elas não são meramente movimentos locais que buscam libertar um território limitado, mas um escudo coletivo contra o projeto expansionista sionista. Falar de sua possível derrota não significa perder uma batalha; significa colocar em risco o próprio conceito de segurança nacional árabe.
A queda de Gaza, ou a repressão da resistência no Líbano ou no Iêmen, não se limitaria a essas linhas de frente. Significaria o colapso do modelo que provou que o inimigo poderia ser dissuadido e exaurido. Consolidaria a superioridade e o domínio israelenses, deixando os árabes diante de um inimigo livre de restrições, ditando seus próprios termos aos governos e apresentando a derrota da resistência como prova de que a rendição é a única opção.
Um golpe à resistência seria, portanto, uma perda estratégica. Os regimes árabes devem reconhecer que abandonar a resistência alimentará uma maior fragmentação e reduzirá a segurança nacional a uma defesa incompetente de Estados isolados que buscam proteção das potências globais. Isso privaria o mundo árabe de sua última vantagem, após o colapso dos projetos de unificação na década de 1970, quando a segurança nacional se tornou uma frase vazia. O que a resistência fez foi reconectar o destino de Gaza com Damasco, o sul do Líbano com o Iraque e o Iêmen, transformando a segurança nacional em uma realidade tangível que transcende as fronteiras.
George Habash captou essa unidade de luta quando disse: “A batalha contra o sionismo e o imperialismo é a batalha pela segurança nacional árabe. A Palestina sozinha é incapaz de enfrentar o inimigo, nem qualquer Estado árabe é capaz de resistir à batalha por conta própria”. Se a resistência fosse derrotada, cada Estado árabe seria forçado a reduzir sua segurança ao petróleo, gás e acordos de curto prazo, deixando a porta aberta para o domínio israelense e americano.
A questão hoje não é simplesmente se a resistência cairá ou perdurará, mas como seu destino moldará a segurança nacional árabe. Se derrotada, toda a região árabe, do oceano ao golfo, estará pronta para ser conquistada por um inimigo sem restrições.
Se a resistência perdurar, mesmo que parcialmente, ela preservará a esperança de reconstruir um projeto unificador de libertação árabe, enraizado na resistência e no pensamento revolucionário, impulsionado por trabalhadores, camponeses, operários e intelectuais revolucionários, lutando pela liberdade e pela independência.