Declaração e convite de participação
Declaração e convite de participação
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Para declarar uma nova etapa de luta e o fim do Processo Madri-Oslo
A Conferência do Caminho Palestino Alternativo
(Em direção a uma nova década revolucionária)
Madri – Espanha
Outubro – Novembro de 2021
“Se somos defensores mal-sucedidos no caso, então é melhor que mudemos os defensores, não o caso.”
(Ghassan Kanafani)
Por muitas razões que se tornaram conhecidas por nosso povo palestino em todo o país e na Diáspora, já nos foram apresentadas as consequências do “processo de acordo” com a entidade sionista que, há cerca de 30 anos, tornou-se público na capital espanhola, Madri.
A política palestina representada pela liderança da Organização para a Libertação da Palestina e os desastrosos acordos de Oslo são tardios. Além disso, o destino final destes já é previsto: fracasso absoluto. Por outro lado, a entidade sionista — que alcançou ganhos estratégicos consideráveis — foi beneficiada.
A Conferência de Paz de Madri, ocorrida no final de outubro de 1991, foi uma consequência do que aconteceu em termos de posições e políticas oficiais palestinas e árabes, que começaram em 1974 e tornaram-se, para a questão palestina, o início do grande declínio na luta, com retrocesso tanto no campo palestino, como árabe e internacional. Nosso povo se lembra de como as delegações árabes oficiais vieram e se sentaram à mesa com representantes da entidade sionista, pela primeira vez na história do conflito árabe-sionista, e diante do mundo.
A delegação palestina, sob o manto do regime jordaniano, também participou desta conferência, contornando as decisões do Conselho Nacional Palestino e abandonando a unidade de representação da Organização para a Libertação da Palestina.
A conferência foi um ganho para o imperialismo americano e um marco histórico, num momento em que os Estados Unidos se preparavam para liderar o mundo sozinhos após a primeira Guerra do Golfo, a desintegração da União Soviética e do campo socialista, e as consequentes mudanças fundamentais no equilíbrio de poder em todos os níveis: internacional, árabe e palestino.
Quase três décadas se passaram desde que a Conferência de Madri foi realizada, sob o patrocínio dos Estados Unidos, entre outubro e novembro de 1991. Quase 27 anos se passaram desde o processo de liquidação de Oslo. Isso significa que uma nova geração palestina nasceu na pátria e durante a Diáspora, que o número do povo palestino dobrou — de cerca de seis milhões para cerca de treze milhões. Por essa razão, é natural, mas também um dever patriótico, que esta nova geração palestina seja motivada a assumir sua responsabilidade nacional e a carregar a bandeira da luta nacional, além da bandeira de libertação; a voltar e a libertar potenciais forças populares para enfrentar os projetos de fechamento de capital, normalização e liquidação.
Alcançar esse objetivo requer o início imediato da responsabilidade nacional nos níveis individual e coletivo. Também requer convergência e cooperação coletivas no desenvolvimento de programas de luta e de objetivos diretos e estratégicos. Por um lado, e acima de tudo, isso requer uma vontade de sacrifício e ampla participação popular na reconstrução de nossas instituições nacionais e populares e um desejo de confrontar o movimento sionista, suas instituições e sua entidade colonial racista na Palestina ocupada. Por outro lado, é preciso agir sem negligenciar a necessidade de confrontar, ao mesmo tempo, o projeto da classe palestina que monopolizou as decisões políticas e desperdiçou os sacrifícios de nosso povo. Suas principais conquistas nacionais foram destruídas e assim foi estabelecida, por meio dos desastrosos Acordos de Oslo, uma autoridade impotente e ilegítima, de autogoverno limitado em áreas e cidades dentro da Cisjordânia ocupada.
Nosso povo palestino — o qual restabeleceu a Organização para a Libertação da Palestina (OLP) e todas as suas instituições, lançou uma revolução popular histórica e armada na década de 1960, restaurou a identidade nacional palestina, estabeleceu a Carta Nacional Palestina e assumiu suas responsabilidades nacionais— é o mais capacitado para dirigir a nação, o povo árabe e o cenário. É também o mais capaz de virar o jogo contra as forças inimigas que participaram do crime Madri-Oslo, além de ser o mais capaz de restaurar o equilíbrio às duas alas do movimento nacional palestino, entre a pátria e a Diáspora, apoiando a firmeza das classes populares e dirigindo a luta de libertação da palestina, a fim de proteger a unidade do seu povo e de seus direitos nacionais inalienáveis.
Hoje, nosso povo palestino percebe, à luz desta longa e amarga experiência, que o estado de rachadura e colapso, o qual afligiu a Organização para a Libertação da Palestina, foi na verdade resultado das políticas palestinas, árabes e internacionais que começaram após a Guerra de Outubro e a convocação para a Conferência de Genebra de 1973, da adoção pela liderança da OLP do chamado projeto “Estado palestino” e do Programa Dez Pontos de 1974, da saída do regime de Anwar AlSadat da arena do conflito árabe-sionista de 1977, e da coerência secreta e aberta com incontáveis projetos de liquidação que, por sua vez, perpetuaram a abordagem corrupta de exclusão na arena palestina que atingiu as bases do consenso popular palestino e espalhou fraqueza e conflitos internos, aleém de estabelecer a política de exclusividade e exclusão e difundir a cultura de submissão e de culto ao líder individual. Isso também esvaziou nossas instituições nacionais, sindicatos e sindicatos populares de seu conteúdo revolucionário e democrático.
Esta abordagem destrutiva é a mesma que abriu portas para a normalização amplamente adotada entre os regimes árabes (e outros) com a entidade de ocupação sionista. Além disso, contribuiu para disseminara cultura da derrota e de cooperação de segurança legitimada com a entidade inimiga sionista, visando a resistência de nosso povo e suas vanguardas nacionais e revolucionárias.
Estamos ansiosos, neste momento histórico, para uma nova etapa de luta, e nossos olhos estão voltados para as novas gerações palestinas— em particular para suscitar seu papel de liderança, participação e mobilização no estabelecimento de uma rede civil de associações e instituições palestinas — que realizarão, em Madri, sua primeira conferência entre 31 de outubro e 2 de novembro de 2021, com o intuito de exercer seu patriotismo e levá-lo a alcançar todos os seus objetivos nacionais. Ademais, esperamos que nossa conferência seja um espaço para um diálogo democrático responsável, no qual o papel dos indivíduos e das instituições possa ser desenvolvido igualitariamente.
O papel da juventude palestina e árabe na definição de nosso novo caminho, e na definição de seus marcos atuais e futuros, é uma questão fundamental, não apenas teoria e especulação. Esse papel é a base necessária para libertar a voz de nosso povo, expressar a vontade popular unificada e gerar uma liderança nacional coletiva confiável, baseada no diálogo e nas regras de ação coletiva que emana das massas, e do campo de luta de confronto direto e abrangente contra o movimento sionista e seus aliados na região e no mundo.
Isso significa que, na mesma medida, há a necessidade da participação ativa das mulheres palestinas na Diáspora e de respeito por seu papel de liderança central no movimento de luta palestino e na liderança do movimento nacional, com o intuito de alcançar participação abrangente e igualitária no âmbito de nosso projeto de libertação nacional e social.
Apelamos às massas de nosso povo, a todos os estudantes, organizações e movimentos de jovens e mulheres, e a instituições civis e populares em toda a Diáspora, para que se unam, cooperem entre si e participem ativamente no lançamento deste movimento popular mais amplo. Esse que rompe com as restrições da fase anterior e com o Acordo Madri-Oslo, e estabelece uma nova fase, com ampla participação pública na “Conferência do Caminho Palestino Alternativo.”
Juntos e juntas, vamos participar da construção deste evento histórico, o qual esperamos ter uma base popular para um começo que renove a essência do movimento nacional na Diáspora e um marco na história do nosso povo, sempre com o intuito de alcançar todos os nossos objetivos e nossos direitos de libertação e retorno. Vamos restaurar os princípios e valores humanos revolucionários em nossa experiência nacional e promover os valores do trabalho voluntário, de entrega, solidariedade e igualdade.
No aniversário da infeliz Declaração de Balfour em 2 de novembro de 2021, o último dia de nossa conferência, uma marcha popular caminhará em direção à Embaixada Britânica sob o lema: “Seu projeto colonial não passará na Palestina! Não o esqueceremos e não o perdoaremos!”
No aniversário da Conferência de liquidação de Madri, gritaremos em uníssono: “seu projeto racista de assentamento sionista não será aprovado em nosso país.”